domingo, 27 de setembro de 2009

Mulatu no Africa.Cont







Mulatu Astatke assinou juntamente com os Heliocentrics um belíssimo concerto no espaço das Tercenas do Marquês que se revelou pleno de potencial. Parabéns ao Africa.Cont, portanto. O evento contou ainda com as prestações do Kora jazz Trio e dos Ferro Gaita, mas confesso que o que me importava mais no dia de ontem era mesmo a prestação dos Heliocentrics e de Mulatu e essa foi carregada de emoções. Free funk mais ethio jazz sem compromissos, com um teclista inundado de ácido, um violoncelista interessado em figurações mais abstractas e um bateria estreante (Malcolm Catto não dirigiu, como de habitual, os seus Heliocentrics) que segurou as deambulações do ensemble com mão precisa, mas subtil. Dois sopros - um saxofonista e um polivalente que se dividiu entre o trompete, o fliscorne e um pífaro ultra-processado -, um percussionista também flautista que comunicava com a audiência em português do Brasil, um guitarrista e um baixista compunham os Heliocentrics que sustentaram os contidos gestos de Mulatu em percussões, Rhodes e vibrafone. As melodias do ethio jazz criado por Mulatu na Nova Iorque dos anos 60 serviram de ponto de partida para explorações mais ou menos cósmicas, certamente livres de qualquer tentação de facilitismo que se pudesse pensar que os assaltaria no primeiro contacto com uma nova audiência.
Depois do concerto, Mulatu concedeu-me uma entrevista que hei-de por aqui reproduzir dentro de algum tempo. Falou com entusiasmo, entre outras coisas, da próxima edição que a Strut lhe reserva e cuja informação citamos do site, aqui em baixo.

Vibraphone and keyboard player, master arranger and bandleader, Mulatu Astatke is one of the all-time greats of Ethiopian music and the creator of his own original music form, Ethio jazz. Through the acclaimed Ethiopiques album series and through featuring on the soundtrack to the Jim Jarmusch film Broken Flowers, his music has belatedly reached a global audience and a new, younger generation of fans. In November of last year, he recorded an inspired new album with London psych jazz band The Heliocentrics for Strut’s ‘Inspiration Information’ studio collaboration series. Now, Strut are proud to present, for the first time anywhere, the definitive Mulatu career retrospective covering his landmark ‘60s and ‘70s recordings.

Mulatu is a true pioneer of African music. He was the first Ethiopian musician of his generation to travel extensively and to record abroad – he studied in the UK in Wales and at Trinity College Of Music in London, cutting his teeth on the buoyant London jazz scene of the early ‘60s. He became the first African student to attend Harvard and he lived and recorded in New York, developing a unique sound that fused Western jazz with traditional Ethiopian melodies. As Mulatu says, “it took a long time to get the balance, to let the colours and the feelings of the Ethiopian modes shine through.” Returning to ‘Swinging Addis’ during the late ’60s, he became a pivotal figure, arranging for many of the country’s top vocalists and developing rich, dense textures in his own music during the final years of Selassie’s reign and the mid-‘70s rule of the Derg Communist military junta.

Tracing the progression of his Ethio jazz experiments with full access to all of the labels for whom he recorded, Mulatu Astatke: New York-Addis-London is the essential Mulatu. Covering his first recordings in the UK during 1965, his groundbreaking fusions for the small Worthy label in New York and his key ‘70s recordings back in Addis on Amha, Phillips and Axum, the album features comprehensive sleeve notes by Miles Cleret, boss of the excellent Soundway Records imprint, and rare, previously unseen photos from Mulatu’s personal archive.


Mil obrigados ao Rodrigo Madeira pelas belíssimas fotos que ilustram na perfeição a grande performance de Mulatu e dos Heliocentrics na noite de ontem.

sábado, 26 de setembro de 2009

Mulatu hoje em Lisboa

Kora Jazz Trio, Mulatu Astatke com os Heliocentrics e os Ferro Gaita são os enormes pretextos para que todos hoje rumem à Rua das Janelas Verdes, em Lisboa. O evento é gratuito e a música imperdível. Uma combinação que geralmente produz enchentes. Esperemos que essa regra se cumpra também hoje. Até logo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A nova aventura de Geoff Barrow

Geoff Barrow, dos Portishead, acaba de embarcar numa nova aventura, com o nome de Beak. A julgar pelas amostras, Barrow está a aprofundar as pistas kraut que já se encontravam em «Third», mas com uma via mais física e live.

BEAK> were formed in January 2009 by three Bristol musicians, Billy Fuller, Matt Williams and Geoff Barrow.

The band have very strict guidelines governing the recording and writing process of their work. The music was recorded live in one room with no overdubs or repair, only using edits to create arrangements. All tracks were written over a twelve-day session in SOA Studio’s, Bristol. The album is to be released on Invada records UK and Europe.

Sometimes a band can be no more than the sum of it’s parts, but BEAK> are an equation in which it’s impossible to define equivalents or totals. Instead the meeting of three talent’s form a foundation from which idea’s assimilate and propagate. Those talents are:

Billy Fuller. Reared in Bristol, on an aural diet of anything and everything, facilitated later by his time working in the cities top independent record shop Replay Records, and also playing with handfuls of bands – including Invada’s first signing: Fuzz Against Junk, as well as Massive Attack, Robert Plant, and Malakai. Billy is BEAK>’S thoughtful pulse; his bass a forceful origin for their superlative narrative arcs.

Matt Williams. Picked up a Yamaha keyboard aged three and never looked back, as Team Brick creates dissonance that immediately elucidates free forming thought, and impacts heavily on BEAK>’S rolling landscape. He enjoys playing air drums whilst cycling, singing lines from a favourite Latin prayer and doesn’t understand the music he makes himself.

Geoff Barrow. Musician and producer born near Bristol. Best known for forming and producing popular music group Portishead and part owner of the independent record label Invada Records . Commenting on working in BEAK> "its really good to create music under different conditions than your used too.”


Links úteis:

Beak no bandcamp

Beak no blogspot

Beak no Myspace

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Stereossauro ataca de novo!


Stereossauro, aka Ovelha Negra, está de volta com mais uma pessoalíssima viagem pela música portuguesa que percorre a distância que separa os GNR dos Terrakota e os Deolinda de Bezegol como se de um passinho apenas se tratasse. Por cima de tudo isto uma intensa névoa psicadélica, lo-fi por vezes, que esconde um espírito irrequieto e uma criatividade invulgar. A partir de hoje, para download em exclusivo aqui no 2/4 The Bass e no Myspace de Ovelha Negra, «Até Borras-te Vol. 2». Sintonizem-no hoje também pela mão de Henrique Amaro, na Antena 3.

Como nasceu o teu interesse pela música?
Sempre me interessei muito por musica, e por volta dos 10 anos "descobri" a vasta coleção de discos dos meus tios, que além dos discos ainda tinham guitarras e uma bateria lá por casa. Foi como largarem um guloso numa loja de doces. Foi nessa casa e nessa altura que começei a fazer diggin, sem saber que o estava a fazer, ia para lá com uma cassete e gravava uma ou duas faixas de cada álbum para ouvir no walkman, e mesmo nos dias de hoje vou lá e descubro cenas incrivéis que sempre ali estiveram. Considero-me um privelegiado por ter tido acesso a tanta musica numa altura em que não havia internet nem tv cabo.

Qual o momento em que decidiste ser dj?
Foi e é o scratch, aliás eu não me considero um DJ, na perspectiva de por som em festas, eu sou GIRADISQUISTA! A sonoridade estranha e complexa do scratch cativou-me à primeira audição. E claro que eventualmente ponho som em festas, mas raramente, e sempre com o objectivo de ganhar algum dinheiro para comprar mais discos.

Qual foi o primeiro dj que te inspirou?
O primeiro clique foi com o Terminator X dos Public Enemy, que sempre foram umas das bandas que mais ouvi, mas quem mais me inspirou foi o Mixmaster Mike pela espectacularidade e pela quantidade de técnicas que desenvolveu, a experimentação nos seus álbuns em nome próprio é algo gigantesco.

Como nasceu a amizade e colaboração com o Dj Ride?
Ambos somos das Caldas da Raínha, que é uma cidade pequena, e há cerca de sete anos quando começámos a scratchar éramos provavelmente as duas unicas pessoas que o faziam nas Caldas e por isso era inevitável conhecê-lo. Depois rapidamente percebemos que tínhamos objectivos em comum e que podiamos aprender muito um com o outro, e sempre houve aquela competição saudável para ver quem fazia o beat mais marado, o resultado dessas colaborações e picardias foi uma evolução musical e uma amizade daquelas mesmo à antiga. É sem duvida um grande amigo e uma grande influência. Ele já faz parte da familia e tudo.

Quais são as tuas ferramentas de produção preferidas?
Ableton Live, pads e teclado midi, giradiscos e mixer.

Como é o teu set up de estudio?
As ferramentas descritas na resposta anterior e batuques vários, baixo e guitarra eléctrica, um mic minimamente decente, boss dd6 e um crybaby.

Que papel representa o diggin no teu universo?
O diggin é uma doença. Crónica! É algo que está tão entranhado que já não sai. Basicamente procuro discos em todo o lado, desde a casa dos amigos e familia, à internet, lojas e feiras de velharias. Sempre que viajo para algum lado vou com a fezada de encontrar discos, se fosse ao deserto procurava discos na areia. A sensação de ir para casa com dois ou três discos debaixo do braço para ouvir e passar umas horas a samplar é a melhor parte, "descobrir" novos sons é algo que me obrigo a fazer pelo menos uma vez por semana.

Queres apresentar a mixtape?
Esta mixtape é o segundo volume da série "até borras-te", o conceito básico é pegar em musica portuguesa e remisturá-la, o primeiro volume foi dedicado ao hip hop e a técnica base foi o scratch, no segundo volume usei uma aproximação diferente, com influências jamaicanas, e procurei uma perspectiva DUB da nossa cultura musical. As remisturas foram feitas com o ableton live e com alguns instrumentos. Sempre com a intenção de realçar que se faz boa musica em Portugal e que o nosso "espólio" musical é imenso e em termos de remisturas está practicamente intocado salvo exepções pontuais.
Para esta mixtape usei samples de GNR, Buraka Som Sistema, Ena Pá 2000, Bezegol, Kussundulola, Nerve, Kumpania Algazarra, Jorge Palma, Iodo, Deolinda, Terrakota, Dj Ride, e também samples de cinema, rádio e televisão, e uma dose de bom humor para ajudar à mistura.
A capa foi feita por doutor Ricardo, a foto foi tirado pelo Jorge Vieira.
Espero que gostem e que se divirtam a ouvir o "Até Borras-te"!


Top 5 produtores nacionais:
Dj Ride (o cafajeste mais safado)
Armando Teixeira (vai do metal ao soul como quem bebe um copo de água)
C-real (os primeiros álbuns de Mind da Gap ainda me batem)
Sam the Kid (um talento fora do comum)
New Max (o phalasolo chega e sobra para estar nesta lista)

Top 5 produtores internacionais
Madlib
Lee Perry
Aphex Twin
Jay D
Dust Brothers

Top 5 DJs
Dj Ride
Mixmaster Mike
Dj Shadow
Ricci Rucker
Dj Tigerstyle

Top 5 máquinas
Technics 1210 mk2
Moog little fatty
Boss dd6
Akay mpd 24
Computadores

Top 5 breaks
"head hunters" do herbie, qualquer faixa do álbum dá
"fools" deep purple
"supersticious" pelos ghana soul explosion
"funky drummer" J Brown
e qualquer coisa do Jimmy Hendrix


Quero mandar aquele abraço a toda a gente que me tem ajudado de uma maneira ou de outra, à minha familia, Ride , Calvete, Ricardo e companhia, X-acto, Henrique Amaro e Rui Abreu, Espectro Cliché, e um especial obrigado ao Beat Laden e ao Nerve por me terem confiado pistas para eu remixar.


Stereossauro Até Borras-te Vol. 2

Koushik de borla na Stones Throw



Koushik proposed that we release an instrumental version of his Out My Window album, where the vocals - what few tracks actually have vocals - are buried deep in the mix, less like a singer than a friendly ghost in the attic. Such a bizarre idea, how could we say no?

It's on CD with 22 tracks, 5 or 6 of which are not on Out My Window, but who's counting? Packaged in thick cardboard with tip-on cover in the style of old school LPs. Cover photo by Eric Coleman.


Está tudo aqui.

Out My Window (Instrumentals and Bonus Beats) - Download livre por uma semana!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Teengirl Fantasy 4 free

"We were driving all night on tour to New York at some point this past spring in a car that had an old box of cassettes that had been passed down from our friend Ted. The stereo + windshield wipers didn't work, so we were just listening to tapes on a portable radio driving through the rain.... we found this one unmarked black cassette that had an incredible mix on it. The listening experience was so euphoric that we later ended up sampling two of the songs on it to write 'Hollywood Hils' and 'Love Don't Live Here'. We didn't initially write these songs with the intention of one being an A-side or B-side, or of them sharing a unified theme, but after recording the demos we realized that this was going to be our heartbreak 12". Both tracks in their own ways are about tears on the dancefloor, about being happy and sad about the world at the same time while dancing in a group of people who most likely feel the same way as you.

The artwork for the single was made by our friends Camilla Padgit-Coles and Hilary Zarabi-Azam (Hilary's voice also appears on 'Hollywood Hils', hence the name of the track). Together they hand made 100 covers, each one different and unique."

While the record release party was a smashing success, the Dutch declined to purchase a single copy of the record. Since there is no accounting for taste, I am now offering them for sale to the public. Email dickmoverecords@gmail.com if you are interested in such things. To celebrate the release please enjoy the Hollywood Hils EP, also featuring the original demos for the two songs.


Podem encontrar isto tudo no Pukekos.

sábado, 19 de setembro de 2009

Superfly: do Porto a Paris


A Superfly Records é uma referência no universo do diggin' online e angaria elogios dos mais diversos quadrantes: dos coleccionadores de sons do Brasil até aos mais empedernidos apreciadores de soul e, ultimamente, também dos caçadores de irresistíveis grooves africanos. Por trás da operação está Paulo Gonçalves, um nome que ajuda a colocar Portugal no mapa da alta esfera do coleccionismo. Em vésperas de abrir a extensão física da Superfly Records bem no centro de Paris, Paulo fala-nos do seu negócio, explica a sua associação ao incontornável site Paris DJs, para que tem contribuído com fantásticas mixes, e revela-nos as suas paixões.

A Superfly Records prepara-se para dar um salto importante: vai apresentar em breve um novo site e também abrir uma loja no centro de Paris. Poderias contar-nos a história da Superfly até agora: quando começou, como tem corrido e porque te preparas para abrir uma loja física quando a tendência tem sido ao contrário?
A Superfly comeceu em 2000 quando voltei para Paris vindo de Londres. Comecei a trazer discos de Londres e a vender aqui em Paris nas feiras; primeiro eram principalmente discos de Soul e Funk. Na época trabalhava ao mesmo tempo para uma empresa de informática. Em 2002 decidi deixar essa empresa e tirar 2 anos "sabáticos" (ou quase), montei o site e decidi ir para o Brasil para descobrir a musica Brasileira. Passei lá 3 períodos de 6 meses entre 2002 e 2005 e especializei-me na música Brasileira. Em 2005, resolvi ir passar um tempo com a família no Porto e continuei com o site aproveitando a oportunidade para conhecer a música Africana em geral e a música lusoafricana em particular. Ao fim de 2 anos, recolvi dar um passo para ter mais acção e voltei para Paris para desemvolver a actividade, montar uma loja fisica e criar o meu próprio selo.
A loja física é uma aposta arriscada mas continuo a pensar que as pessoas vão continuar a comprar vinil e que o fenómeno da desmaterializaçao da música vai chegar ao seu auge e as pessoas vão voltar a comprar suportes físicos.

Como é que nasceu este teu interesse nos discos?
Desde os 12 anos que compro discos e K7s. Havia uma pequena loja perto da minha casa aqui em Paris e passava lá todas as semanas para comprar música com o pouco de dinheiro que tinha.

Não és apenas um negociante de discos, também és um coleccionador. Há discos de que não te consegues separar ou todos têm um preço?
Nao vou parecer muito romântico, mais sim tudo tem seu preço. O que me interesa é comprar novos discos, não guardar os antigos.

Qual foi o disco mais valioso que negociaste até hoje?
1500 euros por um single do Serge Gainsbourg chamado "La Horse".

Ao longo dos anos li elogios à tua personalidade em todo o lado: da boca do Pedro Tenreiro até a sites como o Soulstrut. Qual é o segredo para se deixar tão boa impressão nas pessoas?
(Risos) Obrigado. Se tal é a imagem veiculada, fico muito feliz.

Os discos de África são uma parte importante do teu negócio. Viajas para comprar os teus discos?
Sim, claro, o mais possível, geralmente uma vez por mês, a qualquier parte do mundo onde tenha discos. A África, tento ir cada vez que surge uma oportunidade mas é mais dificil porque os discos são muito escassos. Óptimos países para visitar são o Mali e o Burkina Faso.

Podes falar-nos um pouco da tua loja em Paris? Como vai ser, onde vai ser, quantos discos vais ter no stock, porquê Paris?
Paris é a quarta capital mundial do disco, depois de Tokyo, Nova York e Londres. Além disso, a variedade dos tipos de musica encontrados aqui é única e a curiosidade cultural dos parisienses é incomparável, no meu ponto de vista. A loja vai ficar na zona da República, no centro de Paris, e devemos ter uns 10000 discos em stock mas mais importante que a quantidade é a qualidade, claro.

Associaste-te ao site Paris Djs e tens colocado lá várias mixes. Como é que essa associação aconteceu?
Através do DJ Manu Boubli, figura conhecida da cena Rare Groove de Paris que nos apresentou e que tambem faz parte do projecto.

Poderias dar-nos um TOP 10 de discos que definam a Superfly?
Muito difícil porque a Superfly é conhecida por vender discos pouco conhecidos mas para mim os clássicos são imbatíveis. Aqui está:

1- John Coltrane "A love supreme"
2- Marvin Gaye "I want you"
3- Al Green "Lets stay together"
4- Ann Sexton "You've been gone too long"
5- Fela Kuti "Roforofo fight"
6- Jorge Ben "Negro é lindo"
7- Luther Vandross "Never too much"
8- Bob Marley "Waiting in vain"
9- Tim Maia "Gostava tanto de você"
10- Willie Colon "Gitana"


Mixes de Paulo Superfly

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Shafiq Husayn: bomba!


Já o conhecia a solo de Mu-Roc, edição na Mochilla. Estreia a sério no próximo mês de Novembro: future soul, oblique hip hop, ancient modern grooves... Shafiq Husayn é parte dos Sa-Ra Creative Partners e de uma subterrânea e revolucionária reinvenção musical em curso. Numa palavra: FIRE!

Patrick Cowley & Jorge Socarras





As águas agitam-se em torno de Patrick Cowley, um dos meus produtores favoritos, de quem há grandes novidades para o mês de Outubro. Edição de «Catholic», na Macro (texto sobre o disco aqui) e homenagem organizada pela Mama Calizo's Voice Factory onde algumas das suas ferramentas originais, como o equipamento mostrado acima, estará em exposição.

Apresentação:

On October 18th, 2009, Honey Soundsystem and Mama Calizo's Voice Factory will host Megatron Man: The Life and Times of Patrick Cowley an early evening event celebrating the life of a musician who we have bonded over and has influenced us on various levels including our sound, aesthetics and cultural upbringing in San Francisco. Often credited as the American Giorgio Moroder, Patrick's legend has become a symbol for a time when free love and technology would come together to forever change the social landscape. On this evening we come together to celebrate the journey and genius of Patrick to appease all the disco spirits of so many like him who fell victim to the AIDS crisis during the early 80's.

A little background: In the late 70's into the early 80's, inside a music studio tucked away in the back lots of downtown, a handsome young man slaved away in a room full of synthesizers perfecting sounds that would transcend history and continue to resonate today. Outside of this studio was a city experiencing a cultural renaissance fueled by electric nights on the dancefloor in the midst of a burgeoning queer rights movement.

Patrick Cowley, a 30 year old savant who started his career as a lighting technician at a popular dance club to producing highly acclaimed hi-nrg disco tracks and Billboard Chart toppers, is the individual we are celebrating on this special night. On the eve of what would be his 59th birthday we will be honoring our sonic mentor with a celebration and memorial to the life, music and legend of Patrick Cowley. Additionally, this will mark as a precursor to the release of Catholic, the very same week, a previously unheard collaboration between Patrick and Jorge Socarras of Indoor Life.

Please join us in any way that you can to help celebrate our hero and our city by participating in either physical or inanimate form. The event will occur during the late afternoon at Mama Calizo's Voice Factory and feature various rarely seen artifacts from Patrick Cowley's days as well as video screenings and keynote speakers who were well acquainted with the man of the hour giving revealing insights about his life's murky history and a glimpse of San Francisco in the early 80s.

Finally, we will be hosting an open call of submissions for Cowley inspired works from fans all over the world to create a living and breathing exhibit that showcases the past, present and future of Patrick's influence. As far as content you can send us what ever medium you are comfortable with be it musical, graphical or textual. Even better, if you have old photographs, letters or anything else relaying the spirit of Patrick--send those in, we'll gladly accept digital copies as well.


Links: The Life & Times Of Patrick Cowley

Edan de regresso

Señor Kaos Interviews Edan from Señor Kaos on Vimeo.


Edan, um dos mais criativos produtores/mcs do underground norte-americano está de volta em Novembro de 2009, o que resulta numa notícia que merece fogo de artifício, paradas com elefantes e comendas de qualquer presidente que tenha dois dedos de testa (ou uma boa colecção de indie rap). Na entrevista acima há muita informação e nomes como James Brown e os grandes Latin Rascals são atirados para o ar em jeito de referência para tentar explicar a que soará o novo disco, que tem instrumentos tocados ao vivo e aquela estética de colagem que tanto agrada a estes ouvidos. Mais um para a lista... Keep them comin'.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Koushik grátis na Stones Throw


Despachem-se antes que termine a benesse:30 faixas instrumentais de Koushik para download grátis no site da Stones Throw.
(Nos últimos tempos tem sido particularmente duro uma pessoa manter-se a par de todas as edições da ST/Now Again... Não há orçamento familiar que aguente tamanha pressão!)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Oh No na Etiópia


Oh No sampla a Etiópia no seu mais recente projecto para a Stones Throw.

Announced only a few weeks ago, Oh No follows up Dr. No’s Oxperiment by diving again into Egon’s record collection for a region-based intrumental beat album. This time he's headed into the album inspired-by and sampled-from rare 60s and 70s Ethiopian funk, jazz, folk, soul and psychedelic rock.

Even if you’ve never heard an instrument tuned to the qenet scale before[1], even if you’re more into ballads than you are tezetas[2], Oh No’s transformative effect on his source material will blow you away in its otherworldy funkiness.


Sounds cool.

Cassete art



Brian Dettmer parece ser um artista torturado... Do site Design Boom:

atlanta based artist brian dettmer creates intricate sculptural skeletons using altered cassette tapes. dettmer began creating the pieces in 2005 as he was thinking about the demise of analog media in the increasingly digital world. one day as dettmer was walking down the street he spotted a dead bird and an idea hit him. ‘here was this thing that used to live, its used to fly around and play a vital role, and now it is dead and all that remains is the solid material.’ dettmer was quick to extrapolate this idea linking the bird’s life to that of the cassette. he transformed the skeleton of old cassettes into literal animal skeletons. this lead to a series of 12 human skulls made from tapes, each with a different theme like heavy metal or hard rock. the most complex piece in this body of work is a full skeleton made from over 180 cassettes. all the pieces are made using only cassettes tapes with no glue, tape or other outside materials. while dettmer couldn’t revel his process to designboom, he did tell us that he heats the plastic up so he can literally form and weld them with his wet hands and other tools.

Pornografia


Grupo do Flicker com uma atitude voyeuristica sobre o diggin e que que expõe por aqui fotos que, nalguns casos, são coincidentes com as mais desvairadas fantasias de muito boa gente, eu incluído. Quem tiver conta no flickr e possuir fotos que se enquadrem neste espírito pode acrescentar o seu trabalho a esta galeria.

sábado, 12 de setembro de 2009

Tighten Up hoje no Bicaense - RMA's Chart

E como prometido ontem, deixo aqui a chart que dará uma ideia do que vai na minha caixa de 45s para logo à noite.

RMA's Chart
The James Brown Soul Train - Honky Tonk
Natural Bridge Bunch - Pig Snoots
Mongo Santamaria - We Got Latin Soul
Los Albas - Bugulu
The Mohawks - The Champ
The Atlantic Sounds - Pata Pata
Kings Go Forth - Don't Taje My Shadow
Kings go Forth - Now We're Gone
The Delta Rhythm Section - Nassau Strut
Bronx River Parkway - La Valla

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Tighten Up - amanhã no Bicaense


O Facebook tem destas coisas: manda-se uma boca e o resultado pode ser fantástico, como, por exemplo, ser convidado por dois notórios e honrados guerreiros do groove para partilhar a cabine em noite de baixas pressões. Será portanto amanhã que rumarei até ao Bicaense só com 45s debaixo do braço para um encontro que será certamente memorável para mim. Em jeito de desafio, pedi aos excelsos Dedy & Mr_Mute que me fornecessem as suas respectivas charts para assinalar o momento. A minha será por aqui postada amanhã, derradeira tentativa de vos convencer a aparecerem por lá!

MR_MUTE's Chart
1. Harvey Scales and the 7 sounds - Get Down
2. Detroit Sex Machines - Funky Crawl
3. Ray Camacho and the Teardrops - Si si puede
4. Cold Blood - I'm a Good Woman
5. Labi Siffre - I got the
6. Steven Ellis - Loot
7. Stevie Wonder - You met your match
8. Faith - Freedom
9. Lack of Afro - The Outsider
10. Salah Rageb - Egypt Strut

DEDY's Chart
1. Mike Pedicin - Burn toast and black coffee
2. Luther Ingram - Oh baby don't you
3. Donnie Elbert - A little piece of leather
4. Little Willie John - I'm shaking
5. Mickie Champion - What god im i
6. Marlena Shaw - California Soul
7. The Cardinals - Choo Choo
8. Manny Corchado - Pow Wow
9. The Mighty Show-Stoppers - Hippy Skippy Moon Strut
10. The Otis and Carla Band - Tramp

Soul soothing sounds


A mix é de Kidinquisitive, digger à moda antiga que mantém o blog Soul Persuasion que já não é a primeira vez que recomendamos por aqui. Está recheada de sweet soul sounds que vão bem com os dias cinzentos que por aí andam. E cheio de pérolas obscuras:

Doris & Kelley – You Don’t Have To Worry
Buelah Palmer – I Cried Daddy Daddy
Chuck Armstrong –I’m A Lonely Man
Sly & The Family Stone – Underdog
Willie Gresham & The Free Food Ticket – I Cried Boo Hoo
Roger & The Human Body – Freedom
East St. Louis Gospelettes – Have A Talk With God
Headhunters – Don’t Kill Your Feelings
Harold – Shortage Of Love
Kenny James – Hell In New York City
Pin Points – Don’t Cry
Pookie Hudson – This Song Will Last Forever


E há uma Heavy Days 1 também, que pode ser encontrada aqui.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Mulatu & The Heliocentrics em Lisboa


Mulatu & The Heliocentrics ao vivo em Lisboa! É já no próximo dia 26, no âmbito de uma iniciativa mais vasta de que vos dá conta o cartaz mais abaixo. A entrada é livre, mas ao que parece a lotação é limitada. E este é um acontecimento imperdível.
Mulatu e os Heliocentrics editaram um álbum na Strut há não muito tempo e o África Eléctrica deu conta de tal edição (que podem conferir aqui), mas este espectáculo é imperdível por outras e mais significativas razões: o senhor Mulatu Astatke é uma lenda viva, um gigante que criou o "ethio-jazz" e que nas décadas de 60 e 70 lançou registos visionários que, felizmente, não se perderam no tempo. Discos como «Mulatu of Ethiopia» ou «Ethio Jazz» ou até o 10 polegadas que a Soundway editou em 2005 são convenientes provas reimpressas em vinil da visão singular deste homem que tive o prazer de conhecer em Toronto há uns anos e de voltar a reencontrar já este ano em Lisboa, em ambas as ocasiões no âmbito de iniciativas da Red Bull Music Academy. Os Heliocentrics, que acompanham Mulatu no álbum registado para a Strut e agora nos palcos, são uma das mais interessantes e intrigantes propostas musicais dos últimos anos. A discografia é imaculada: depósito sólido de ideias para o futuro do funk, agitado por músicos de excepção. A propósito do álbum «Out There», escrevi estas linhas na Op:

Heliocentrics
“Out there”
Stones Throw / Flur, 2007


“Out there” pode ser encarado como prova da idade adulta da nova cena funk. Malcom Catto - baterista que registou um estranho “Popcorn bubble fish” para a Mo’Wax, que se afirmou como dealer de peças raras de funk e fez dos Soul Destroyers um dos mais avançados colectivos do funk contemporâneo – lidera o ensemble que conta igualmente com uma ligação aos fantásticos Poets of Rhythm. Depois de se fazerem ouvir em “This time”, ponto alto do último álbum de DJ Shadow, os Heliocentrics criaram para a incansável Stones Throw um tratado de alargamento dos horizontes do funk, partindo do groove primal para chegarem a um lugar novo, onde as sensibilidades jazz são mais valia para investir em pura e libertária invenção rítmica.


Por tudo isto e por demais razões que se encontram no cartaz reproduzido abaixo, o dia 26 de Setembro só pode ser passado num sítio. Vemo-nos lá.

The Beatles - edição extra da Blitz

Com dois dias de atraso, chamo por aqui a atenção para mais um número extra da Blitz, este dedicado aos Beatles que, como sabem, têm a partir de ontem toda a obra reeditada no mercado. Considerações acerca do espírito mercantilista desse gesto de gestão da obra dos Fab Four à parte, a verdade é que no seu conjunto, o "espólio" dos Beatles continua a ser uma referência - para uma época e para um género. E dizer que é uma "referência" é muito diferente de dizer que é um "expoente". Acredito que há na década de 60 discos de outras bandas que são superiores ao melhor álbum dos Beatles («Rubber Soul»? o White Album?), mas a força do quarteto de Liverpool está precisamente no conjunto da obra: quantos grupos da mesma época poderão reclamar a mesma evolução criativa em meia dúzia de anos? Quantos poderão ser vistos como uma ponte entre duas épocas? Quantos tiveram o impacto social dos Beatles? Esta reedição faz, de facto, todo o sentido até porque novas gerações continuam a redescobrir os Beatles, por serem a tal referência incontornável que mencionava. Nesta revista, contamos tudo o que é possível contar em pouco mais do que 50 páginas, abordando vários aspectos da obra e procurando funcionar - e isto é quase serviço público!... - como uma espécie de guia para o tal conjunto de reedições. Boa leitura para os que decidirem comprar, portanto!

sábado, 5 de setembro de 2009

GLK e MAH no novo podcast Low End Theory


Dizem eles:

Episode 7: Mixes by Gaslamp Killer and Mary Anne Hobbs
The new Low End podcast is the stuff of legend. Low End resident The Gaslamp Killer paired with BBC Radio 1's very own Mary Anne Hobbs. Slam dunk!


Wonky beats, leftfield dubs, low frequencies and high expectations: bring it on!

Cut & Egon no Japão


Na homepage da Now Again Records pode ler-se um extenso report da tour que Egon e Cut Chemist fizeram no Japão. As ilustrações são imensas, por isso à informação que se pode recolher no texto (e é sempre bom atentar aos detalhes: Egon menciona licenciamento de material nigeriano para uma compilação que deverá sair dentro em breve... hum... e outra de psicadelismo made in Indonesia... double hum!), pode somar-se o prazer de perceber como vêem estes dois operários do groove esse incrível país que é o Japão. Fala-se de diggin' - claro! - mas não só. Às vezes, o melhor a seguir a ter lá estado é mesmo ler as impressões de quem lá esteve de facto...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Bernard Szajner


Quem é Bernard Szajner? Eu confesso que não sabia até me deparar com esta notícia da Fact. E para mim foi impossível ficar imune ao facto de Carl Craig colocar «Some Deaths Take Forever», álbum que Szajner editou em 1980, no topo do seu Top 10 de álbuns favoritos de sempre. Comparações a Brian Eno e à música de John Carpenter - na prática dois opostos absolutos - só mostram como é difícil classificar a música de Szajner. Ecos de rock progressivo, sintetizadores, atmosferas negríssimas e uma tensão constante é o que eu adivinho nesta música sobre a qual nem parece que passaram quase 30 anos. Ainda só a ouvi aqui, mas da Flur já me avisaram que chegaram os dois discos que encomendei - «Some Deaths Take Forever» e «Superficial Music». De acordo com o discogs há mais um álbum, de 1986, editado na island - «Brute Reason». No site oficial fica-se a saber que Szajner continua activo e a preparar quatro álbuns. Fico a aguardar ansiosamente.

Bernard Szajner na Flur.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Caliente!






Como já referenciado no post anterior, as latitudes dispersam-se na questão da contínua busca do beat perfeito. Acima alguns exemplos de actividade de arquivo com Cuba e o Panamá por terrenos de eleição e ainda a válida tentativa de Will Holland de reinventar o legado latino através da sua nova base na Colômbia. A Honest Jon's também dá cartas nesse domínio: atentem às compilações Cubanismo from The Congo e Big Pow Wow.

Psych Funk 101

Acabadinho de encomendar na Flur, este álbum foi recentemente recomendado pela Stones Throw, o que deveria ser razão mais do que suficiente para se investigar o seu conteúdo. Mesmo perante a nova realidade digital - em que tudo está disponível ao mesmo tempo e à distância de um click - a verdade é que os diggers continuam a descobrir novos e inexplorados filões. Depois da tendência de investigação de cenas locais (conferir discos como Florida Funk ou Bay Area Funk), muito centradas no que a memória americana tinha para oferecer, os diggers mais empenhados começaram a explorar outras latitudes: Frank Gossner ou Samy Ben Redjeb a redescobrir África, Egon a investigar o Leste Europeu e séries como a World Psychedelic Classics da Luaka bop (de que a Stones aliás editou «Love's a Real Thing» ou, mais significativamente ainda, a contínua aventura Love, Peace and Poetry de Thomas Hartlage oferecem coordenadas para uma visão alternativa do mundo.
Esta compilação parte da Nigéria e estende-se ao Irão, Coreia do Sul, Turquia e Russia numa fantástica investigação da época em que o groove do funk se ligou à expansão de horizontes do psicadelismo. Esta compilação vem acompanhada de um booklet de 36 páginas que oferece mais pistas para prosseguir a investigação.