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São muitos os marcos na carreira de António Sérgio – aos microfones da Renascença e da Rádio Comercial assinou programas míticos que muito contribuíram para definir a identidade de toda uma geração, como o Rotação, o Som da Frente ou o Lança Chamas. O vigor e entusiasmo que colocava nos programas que fazia permitiram-lhe a ambição de outros projectos, como o apadrinhamento e a produção do primeiro álbum dos Xutos & Pontapés. O punk foi uma das bandeiras de António Sérgio que nunca desistiu de procurar o que estava à frente e de onde vinham as mais recentes novidades: tinha os ouvidos generosamente receptivos às mais desafiantes tendências e nunca se cansou de as divulgar. Em 2007 abandonou os microfones da Rádio Comercial, onde passou a maior parte da sua carreira, depois da direcção ter concluído que o seu programa, «A Hora do Lobo», já não se encaixava no perfil da estação. Mudou-se para a Radar FM onde era tratado por “mestre”. Apresentava o programa Viriato 25.
No passado dia 10, António Sérgio, a sua mulher Ana Cristina Ferrão e eu próprio fomos convidados da Fnac para um debate sobre o vinil e a sua importância. O debate aconteceu à hora de um decisivo jogo da selecção portuguesa e a plateia encontrava-se praticamente vazia, mas ainda assim Sérgio não conteve o entusiasmo com que falou do suporte que o acompanhou durante boa parte da sua vida. Trazia, entre outros, um disco dos Sex Pistols que fez questão de tocar como se soubesse que a imensa minoria que o ouvia continuava atenta. António Sérgio esteve na frente até ao fim.
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