sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Waxpoetics # 33

A Flur já tem disponível o novo número da Waxpoetics, revista que cada vez é mais incontornável. Aliás, a wax Poetics começa a ser mais do que uma revista: reedita pérolas perdidas, lança livros, parece até que vai entrar no terreno da produção de filmes. A dinâmica é, de facto, de louvar. Mas o que interessa agora é o número 33 desta revista. Tenho a colecção completa da Waxpoetics, incluindo as valiosas primeiras edições, e ainda me lembro de como era difícil conseguir cada nova edição quando a internet ainda não funcionava como hoje e quando a distribuição em Portugal simplesmente não existia. Felizmente, hoje é muito fácil conseguir esta revista, pelo menos em Lisboa (e como a Flur faz venda postal, não há-de ser complicado fazê-la chegar a outros pontos do país).
A Waxpoetics dedica então o número 33 a Filadélfia, a cidade do amor fraternal, de Harold Melvin & The Blue Notes e, claro, da fabulosa dupla Gamble & Huff (que adorna a capa) e de Teddy Pendergrass (que está no verso). E isto levanta uma história curiosa: a Waxpoetics começou por ser uma revista para diggers experimentados e nos primeiros números abordava nomes que exigiam já um certo grau de conhecimento de toda esta cultura do diggin' (Idris Muhammad, Timothy McNealy), mas em tempos mais recentes tem vindo a reconhecer que mesmo em terrenos mainstream há nomes que podem e devem ser relembrados, como acontece agora com a dupla Gamble & Huff, autêntica máquina de fazer hits que transportou a soul de um modelo Motown até ao limiar do disco sound. Andre Torres, o editor da revista, reconhece isso mesmo no editorial quando diz que tempos houve em que ignorava o som de Philly ("in my early days of record diggin', i slept hard on the Philly Sound"). Na verdade, estes grandes nomes (James Brown, Isaac Hayes, Motown, Stax, Philadelphia International Records)são a base de tudo o resto, a fonte de onde emanaram todos os pequenos afluentes que também adoramos explorar. Ainda ontem li um post de um dos participantes do Hit da Breakz a confessar que não conhecia muito bem James Brown, facto que não o impede de fazer válidas sugestões de novíssimos e obscuros grupos de funk. A minha pergunta é: quando não se conhece bem a raíz, como é que se pode apreciar convenientemente o fruto? A Waxpoetics conhece bem as raízes. Aproveitem esse conhecimento.

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